terça-feira, agosto 30, 2005

Bons ventos?!

Então... mensalão não existe. Roberto Jefferson pode ser cassado. Bla bla bla...

O fato mais impressionante pra mim foi a renúncia de Tarso Genro à candidatura à Presidência do Partido dos Trabalhadores. Prova inequívoca de que o autoritarismo petista realmente existe.

É... pode ser que eu seja simplesmente uma ex-petista magoada com alguns fatos. Mas sempre existe a possibilidade contrária. Não parece que se têm dois pesos e duas medidas? Suplicy é afastado da chapa do majoritário por ter votado a favor da investigação. José Dirceu não o é e acaba forçando o afastamento de Tarso. O pior é que me vejo adepta de um pensamento que sempre condenei: o personalismo político.

Mas... estou cheia de falar de política. Há alguns meses as notícias têm me dado asco. E falar sobre elas sempre me leva às mesmas conclusões nada satisfatórias: não sei disso, não sei daquilo, não sei se devo me pronunciar, não quero fazer pré-julgamento,... ou... é... isso tudo é uma...

Devo dizer que ontem o mundo parecia estar perto do fim. Hoje... os ventos passarão por aqui. Amanhã, o ciclone deve voltar. Enfim... muitas emoções para uma semana só. Se, em alguns lugares, todas as intempéries humanas não conseguem levantar uma palha quanto menos tirar as velhas práticas do lugar, por aqui, as coisas devem voar. Seja o que Deus quiser.

segunda-feira, agosto 15, 2005

Indignação torpe

Sayad deve ter razão. Nossa indignação é mentirosa.

Mentirosa porque já sabíamos que o financiamento de campanhas tão luxuosas não poderia ter somente fontes lícitas. Não tínhamos provas, como quase todos os acusadores interesseiros não têm, mas tínhamos fortes desconfianças.

"Jornalistas escrevem indignados, alguns deputados falam em impeachment e o país mergulha mais fundo na crise política". A indignação da imprensa é ainda mais falsa. O jornalismo político, na sua convivência íntima com o poder, sempre soube como as coisas funcionam e se alimentou de declarações em off tímidas - declarações, estas, que dão origem a matérias forçosamente toleradas por um código de ética também hipócrita - até que alguém resolveu falar e assinar embaixo.

Uma coisa é convivermos com uma mentira velada - telefonemas suspeitos, ausências recorrentes, perfume diferente e um comportamento inexplicável. É uma opção pessoal virar o rosto para uma verdade. Dentro de quatro paredes, a mentira se torna regra e o direito de cobrar algum sentimento verdadeiro ou atitude digna deixa de existir. Outra, é ver que nossa "vida de mentira" foi desvendada, esmiuçada nos quatro cantos e que, se nos omitimos frente ao nosso próprio julgamento, não nos parece tão fácil fazer a mesma coisa frente ao julgamento alheio.

"Escândalo é a revelação oficial transmitida pela televisão para um Brasil estupefato de um segredo que não podia ser revelado. O mistério é saber por que foi revelado."

Mentirosas são todas as revelações e acusações também, pois são oportunistas. "Denunciar", nesse caso, tornou-se algo que deve ser perfeitamente compreendido por mágicos profissionais. O truque sempre acontece no lugar para o qual não estamos olhando. A habilidade está em manter sempre o mesmo "foco".

Não recebemos nenhuma confissão de traição. Seria mais digno, certamente. Mais respeitoso também. O grande problema da mentira, como alguém já disse por aí, é que, ao se dizer uma única, serão necessárias muitas outras para se poder sustentar a primeira. Mas não somos tão inocentes. Já supúnhamos a mentira. Difícil mesmo é tomar o lugar do culpado por termos nos omitido durante tanto tempo. Difícil é saber o que fazer diante disso.

"A indignação da elite é mentirosa. O escândalo, artificial."

A única verdade é a certeza de estarmos todos juntos nesse velório.

* As citações de João Sayad são do artigo "Mentiras", na página A2 da Folha de hoje (15/08/05).

domingo, agosto 07, 2005

TEMPO

Nada como o tempo, pois não?