sexta-feira, setembro 01, 2006

Os absurdos que a ciência te traz

Estava começando a ler um autor que consta na bibliografia de uma das minhas disciplinas: Vilfredo Pareto. Ainda nem sei como ele vai discutir as elites e o uso da força na sociedade, mas deparei-me com o seguinte trecho:

"Suponhamos que, em qualquer ramo da atividade humana, seja atribuído a cada indivíduo um índice que represente um sinal de sua capacidade de maneira semelhante ao modo que se dá nota às várias matérias dos exames escolares. Ao tipo superior de advogado [de onde ele tirou isso???] será dado nota dez, por exemplo. Ao homem que não consegue um cliente, será dado nota 1 - reservando-se o zero para um homem que seja um completo idiota. Ao homem que fez seus milhões - honestamente ou não, conforme o caso - daremos dez. Ao homem que ganhou seus milhares daremos 6. Os que apenas conseguem livrar-se de ir para um asilo de indigentes terão nota 1, reservando-se o zero para os que não o conseguiram. Para as mulheres [olha só o que vem aí] "na política", como a Aspásia de Péricles, a Maintenon de Luís XIV, a Pompadour de Luís XV, que lograram enfatuar um homem de poder e ter uma parte na carreira do mesmo, daremos alguma nota alta, como 8 ou 9 [10 não pode pra mulher]; para a prostituta que satisfaz meramente os sentidos de um homem assim e não exerce nenhuma influência nos interesses públicos [mas aguenta discursos desse tipo de homens como Pareto], daremos zero [absurdo!!! E a história dos clientes nas frases anteriores???]. Para um esperto velhaco que sabe como enganar pessoas e conseguir manter-se fora da prisão, daremos 8, 9 ou 10, de acordo com o número de moambas que roubou e da quantidade de dinheiro que conseguiu extorquir." (PARETO, V. As Elites e o Uso da Força na Sociedade, p. 71)

Por aí vai. O pior é que o cara emenda com uma frase assim:

"Em resumo, estamos como sempre recorrendo à análise científica, que distingue um problema de outro e estuda cada um separadamente." [????????] (p. 72)

Com base nisso, alguém poderia analisar cientificamente o indivíduo Pareto e dizer que ele é um débil mental. Mas qualquer julgamento é precipitado nesse início de leitura. Vamos esperar que o restante desminta todo o começo.

2 Comments:

Blogger Mythus said...

Cadê a sua leitura histórica? Em algum momento da história esse tipo de pensamento já foi bem legítimo. Imagino por exemplo um estudo da democracia ou da sociedade numa época onde mulheres não tinham participação política e escravos não eram pessoas?

9/11/2006 11:36 AM  
Anonymous Anônimo said...

Fiquei até com peninha de ti. Ter q perder tempo lendo umas figuras assim.... É triste.

9/23/2006 12:47 AM  

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