quinta-feira, março 02, 2006

Será que tudo vira samba?

Fiquei triste com o resultado do carnaval carioca. Esperava ver a Unidos da Tijuca em primeiro lugar. Não pelo desfile desse ano, especificamente, que não consegui acompanhar por inteiro, mas pelo que vi em 2004, que me impressionou bastante. Sei que deve ser um critério tosco, mas não sei se os critérios dos julgadores são tão mais nobres.

Parei pra pensar sobre o "espetáculo". Como se dá a avaliação dos jurados? Que critérios são levados em conta para dar uma nota a cada escola em cada quesito? Como pode uma escola receber 10 de um jurado e 9,3 de outro num mesmo quesito? Como são escolhidos os jurados? O que deveria ser avaliado: o rigor técnico ou a empatia entre platéia, enredo e sambistas? Será que existem "campeãs" de verdade? Até que pono isso é hipocrisia? Será que esse samba também tem cheiro de pizza?

Aquela velha história... onde tem muito dinheiro envolvido é sempre bom estar com os olhos bem abertos.

Estava vendo um artigo sobre o assunto e encontrei um argumento interessante sobre o campeonato de 2004: "Está certo que estava muito bonita a Amazônia da Beija-Flor. Mas é preciso desconhecer pontos básicos da história para dar nota dez a um enredo que supõe a presença de invasores espanhóis, na Amazônia, disimando os incas, que nunca estiveram lá." (Francisco Duarte, Jornal do Comércio, 07-08/03/2004). A crítica continua e alcança a escola com que simpatizo também: "Paulo Barros, novo carnavalesco - já crismado pela imprensa badalativa como 'novo Joãozinho Trinta' - trouxe formas diferentes de alegorias dando vida a figuras vivas. [...não posso deixar de comentar que dar vida a figuras vivas parece meio esquisito, não?! Mas continuemos com o texto do garoto...] Uma nova concepção figurativa. A pirâmide da vida ou fórmula do DNA, toda de atores ensaiados, cobertos com purpurina azul, dando vida a um fato científico é notável e inovador. Os demais carros, todos com figuras humanas vivendo fatos do desfile, foram diferentes. Mas o samba-enredo do Borel não tem nível para nota dez dos quatro julgadores. O enredo, em si, se assemelha a uma feira de amostras de invenções, idéia e ameaças com cem produtos, distribuídos, condensados em 28 alas."

É... são coisas a se pensar. Achei uma página da Portela, com as justificativas dos jurados para as notas obtidas pela escola em 2004. Acho que seria criticável a coesão dos critérios dos próprios jurados.

Enfim, o carnaval está longe de poder ser reduzido a essa competição. Aliás, a dimensão tomada pelos desfiles cariocas e, agora, também paulistas, é outro espetáculo produzido pela televisão brasileira. Uma instituição que pouco está preocupada com justeza, coesão, coerência...

Quem quiser, pode ler uma boa crítica sobre o carnaval brasileiro.

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Oi, o comentário ficou um tanto extenso e pensei ser melhor não fazê-lo aqui. Se quiser dar uma olhada clique, por favor em meu nome.

Abraço!

3/03/2006 5:22 PM  
Anonymous Anônimo said...

Obrigada pela visita, gostei muito do que li. E agora vou vir sempre fazer uam visita. Só não vim antes porque meu computador estava mal.

Um abraço,
L.

3/04/2006 11:32 AM  
Blogger Mythus said...

Meus pais ficaram descepcionados quando pediram uma pizza na itália. Não tem jeito, lugar de pizza é no Brasil.

Eu já não assisto mais televisão. Gravo o que eu quero ver, acho que é uma forma de emburrecer mais lenta.

Carnaval pra mim não tem nenhum sentido, ao menos hoje. Há um tempo atrás era um feriado longo, e antes ainda era um momento de enxer bombas d'água e jogar nos carros. Quem sabe o que "carne vale" significará no futuro?

3/05/2006 10:34 PM  

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