Uma opinião a se considerar
Ontem, assisti ao último programa sobre Chico Buarque, na DirecTV. "Vai Passar" pode ser considerado o melhor dos três. Quem sabe, porque as músicas que Chico compôs no regime de exceção sejam muito marcantes, tanto em conteúdo como em estrutura. Quem sabe, não seja nada disso e eu só esteja falando isso por uma opinião e um interesse muito pessoal.
No entanto, o que queria mencionar aqui é o depoimento final dele. Sobre o governo Lula. Não por ser de Chico, mas por ser de alguém que sempre acreditou no PT e nas coisas que nosso atual presidente prometeu, alguém que lutou ou torceu muito para que 2002 acontecesse e que está, agora, certamente, um pouco apreensivo, apesar de ainda esperançoso. Reduzindo o irredutível, Chico disse que, realmente, Lula não poderia fazer tudo o que esperávamos dele - não nas circunstâncias em que assumiu o governo. Mesmo assim, há uma posibilidade de se chegar mais perto do que se quer e que provavelmente - oxalá - isso aconteça.
Isso me dá vontade de retomar um assunto que correu por aí recentemente. Afinal, 2006 está cada vez mais perto.
UPDATE (03/04/05)
Atendendo ao pedido feito no comentário do Idelber, vou detalhar a fala que citei do Chico no programa "Vai Passar". Queria poder transcrever tudo, mas não posso garantir tal fidelidade, já que não tenho o documento gravado comigo.
Ele entra na questão dizendo que, para quem sempre se posicionou a favor de Lula, é frustrante não ver acontecer algumas coisas. Pelo menos, num ritmo mais acelerado. Ao mesmo tempo, diz ele, "tudo o que se esperou de pior do Lula foi evitado". Chico fala que se esperava uma chegada muito frágil de Lula à presidência, tornando difícil a sustentação do governo e não se descartando a possibilidade de uma renúncia. "Havia um medo de que Lula virasse um Hugo Chávez". Até mesmo Chico sustentava um receio de que um certo arroubo esquerdista não pudesse se sustentar. Afinal de contas, acrescenta ele, não foi a esquerda que elegeu Luiz Inácio. No entanto, para Chico, Lula não vai querer voltar para São Bernardo tendo agradado só os grandes banqueiros, os grandes investidores... Ele entende que não é fácil realizar tudo o que se planejava, no entanto, ele acredita que, numa certa medida é possível fazer mais. "Chegarmos um pouco mais perto do que queríamos... acho que dá."
10 Comments:
Certo que é uma frase um tanto quanto antiga, mas acredito que possamos ainda refletir sobre ela...
"[...] óbvias são as origens das abstenções eleitorais. A primeira é a apatia pública, gerada pelo espetáculo da irrespeitabilidade no governo, pelas decepções acumuladas em meio século de poder pessoal, pelo domínio da mediocridade feliz e impudente. Enojados, vendo triunfarem os interesses privados, as influências inconfessáveis e as malversações administrativas, os cidadãos honestos retraem-se da vida parlamentar. Essa atonia há de agravar-se nos distritos amplos, onde a dissociação dos eleitores, sua dispersão por vastas regiões, a necessidade inevitável de votar em candidatos, que não conhecem, lhes entibiará, forçosamente, o interesse pelo resultado eleitoral. Outro motivo determinante dessa tendência é a falta de idealidade política no eleitorado. Como hão de ter pensamento político os eleitores, se os partidos o não têm? Como olharem a idéias, e não a homens, se as parcialidades só se diferençam pelos homens, baralhando-se de todo no tocante a idéias? E que esperança racionável se poderá ter de vermos alargar-se o horizonte político do eleitorado, se o dos próprios chefes de partidos se estreita em combinações pessoais, a que os princípios são quase constantemente sacrificados?" (Rui Barbosa)
Aproveitando o gancho do arthur v naithzel citando Rui Barbosa entendo que ainda ha esperança de que, em se " ...alargando o horizonte político do eleitorado..." possamos algum dia tê los como substitutos dos atuais chefes de partidos para que possam então abrir o merecido espaço às idéias.
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Por que tantos comentários apagados?
(curiosidade mata)
Censura?
(comentário insensato)
Estou brincando, viu?!
Mythus,
Imaginei que isso iria causar alguma surpresa. O fato é que encontramos alguns spams na nossa caixa de comentários com links para sites que contêm virús. Não poderíamos deixá-los aí, afinal, curiosidade pode até não matar, mas, às vezes, dá um trabalhinho desagradável.
Abraço.
Oi, Heleza! Interessante saber desses programas recentes sobre o Chico. Vou correr atrás quando chegar aí no Brasil. O seu comentário me deu curiosidade: como foi o tom dele ao falar do governo? tom de quem está justificando os maus resultados? tom resignado? decepcionado? puto, já querendo fazer oposição? Eu acho que todas essas posições, no fundo, se combatem dentro do Chico, e estou curioso para saber qual anda prevalecendo. Abraços,
Idelber
http://idelberavelar.com
Desculpe o erro de digitação no seu nome, Helena. Abs,
Idelber
Cara Helena, muito obrigado por dar continuação ao post em resposta à minha indagação. A posição do Chico me interessa, porque é uma tarefa justificar qualquer otimismo com o governo hoje em dia. "Chegar um pouco mais perto" não deixa de ser uma forma de reconhecer que não chegamos, não é? Esperemos uma exarcebação dessa contradição na cabeça do Chico nos próximos meses :) Um forte abraço,
Idelber
http://idelberavelar.com
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