terça-feira, janeiro 24, 2006

Disputa

Bem que eu tinha achado isso muitíssimo estranho.

domingo, janeiro 15, 2006

Voltando à vaca fria

Depois de um final de ano cheio de compromissos e 17 dias de ano novo num surpreendente encantamento com o sol, a praia e uma companhia insubstituível, já estava na hora de voltar a uivar por aqui.

Nada como começar um ano vendo as coisas se anteciparem. Se a campanha eleitoral já se mostrava aberta durante o ano passado, 2006 parece escancarar a disputa. Além da pouco sutil propaganda partidária televisiva, vêem-se os parlamentares, ainda em convocação extraordinária (da qual, diga-se de passagem, têm participado pouco), tentando conquistar votos com a renúncia de seus salários extras. Poderia ganhar o meu voto alguém que fosse protagonista na aprovação de um projeto que acabasse com essa prática de vez. Mas... depois de tantas idas e vindas, acho que me sinto um pouco mais petista do que me sentia no decorrer do ano passado. Difícil de compreender à primeira vista, não?! Mas é.

Na verdade, não posso mais fazer campanha partidária. Não tenho mais tanta segurança pra isso. De qualquer forma, estava pensando sobre o que não quero para esse país nos próximos 4 anos e decidi fazer campanha para a sensatez. Convenhamos, não há muitas opções.

Apesar de todas as políticas ortodoxas, de todas as decepções éticas, das alianças incompreensíveis, das articulações obscuras, fez-me pensar a afirmação de José Dirceu na entrevista para a Caros Amigos: “O governo Lula faz um governo de centro-esquerda porque as condições do Brasil não permitem fazer um governo só de esquerda. Muito menos de extrema esquerda. Agora, é só a direita voltar para o governo, vocês vão lembrar que o governo do Lula era um governo de esquerda. Deixa só acontecer e vocês vão ver.” (Caros amigos, nº 106, 01/2005, p. 43)

Por mais que a luta contra o neoliberalismo tenha sido fracassada em milhões de aspectos, como estaríamos se estivéssemos nas mãos de um governo historicamente definido como “de direita”? Como teria sido um governo do PFL? Ou a continuação de um governo do PSDB? Na eleição de Lula, pensei que teríamos um governo muito próximo do ideal. Nessas eleições, pode ser que tenhamos que lutar contra o que é mais abominável.

Acho que o que mais me impressionou no governo petista foi a articulação política completamente desconectada do apoio popular. Ninguém precisa ser “chavista” aqui, se isso parece ser tão ruim. Mas depender exclusivamente das alianças dentro do Congresso, quando se tem toda a possibilidade do mundo de se apoiar num povo sedento por mudanças, é, no mínimo, pouco inteligente. Deve-se te a coragem de desafiar a “opinião pública” controlada pela mídia. Deve-se ter a coragem de desafiar a própria mídia. É com essas (e outras) esperanças que poderia apostar mais uma vez nesse governo. Ou – em outras palavras – é com um certo medo que pretendo lutar contra o retorno do poder às mãos tucanas e pefelistas.

Feliz Ano Novo.